Botswana, Foto T.Abritta, 2008

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Rio, Cidade da Fotografia

Publicado no Montbläat em novembro de 2007.

          A Cidade do Rio de Janeiro cada vez mais desponta como uma das capitais da fotografia.  Nestes dias foram abertas três novas exposições: no Museu Histórico Nacional, no Arquivo Nacional e no Centro Cultural da Caixa Econômica Federal.  A primeira exposiçãoFlashes da Guerra: Registros Pioneiros da Campanha do Paraguai (1864-1870) – apresenta setenta imagens registradas no decorrer deste conflito. A imagem mais interessante é a foto do imperador Pedro II em trajes militares (sem nenhuma alusão ao marketing infantil do Ministro da Defesa Nelson Jobim, com imitações do então Presidente Collor em suas brincadeiras de soldadinho).  A segunda mostra Rio 1908: A Cidade de Portas Abertas – lembra, através de cento e quatorze imagens, entre fotos e desenhos arquitetônicos, o Rio de Janeiro de Pereira Passos, bem como a Exposição Internacional de 1908.  A terceira exposiçãoMagnum 60 anos – apresenta cinquenta fotografias desta agência fundada por Cartier-Bresson, Robert Capa e outros, em 1947.
          O Instituto Moreira Salles, que está apresentando uma exposição com quase duzentas fotos de Buenos Aires, homenageando Horacio Coppola, por ocasião de seu centenário, anuncia para 23 de novembro próximo duas novas apresentações: Luz Interior, que mostrará o sertão nordestino pelas lentes do francês Patrick Bogner e Encontros na madrugada, onde a violência urbana será mostrada pela ótica de Anna Kahn. 
          Bogner usa em muitas de suas imagens uma técnica artesanal com pigmentos de carbono, resultando em cenas de intenso cromatismo, onde são documentadas a vida nordestina, suas habitações e objetos de uso cotidiano.  
          A segunda exposição no Instituto Moreira Salles será uma série de fotografias que a carioca Anna Kahn fez de locais onde ocorreram mortes provocadas por balas perdidas.  O seu trabalho fotográfico foi precedido por um levantamento dos ambientes e dos casos envolvendo vítimas fatais em lugares públicos.  Em seguida registrou esses locais na solidão da noite, tendo como cenário o Rio de Janeiro.  No texto de apresentação da mostra, intitulado Uma triste poesia, Zuenir Ventura analisa os aspectos por trás da obra da artista: "O que mais impressiona na obra de Anna Kahn é que ela consegue fotografar justamente o que não pode ser fotografado – a ausência, o vazio, o silêncio que quase se ouve e se .  A desolação".  Anna Kahn formou-se em jornalismo pela PUC-RJ e, em seguida, estudou fotografia na School of Visual Arts, em Nova York. Em 1998, como fotógrafa voluntária, acompanhou a organização Médicos Sem Fronteiras.  Na Europa colaborou para revistas e jornais brasileiros e, em 1992, foi premiada como Melhor Fotógrafa pela Comissão Européia de Turismo.  
          A exposição Encontros na Madrugada é importante e oportuna, pois mostra o abandono da população do Rio de Janeiro, subjugada pela criminalidade, em um Estado que se dá o luxo de manter uma Secretaria de Ação Social e Direitos Humanos totalmente inoperante.  A titular desta Secretaria, Benedita da Silva, certamente não corre risco com balas perdidas, pois em quase um ano de sua administração virtual jamais deu o ar de sua graça.
          Outra exposição que devemos destacar é José Oiticica Filho: Fotografia e Invenção.  José Oiticica Filho (1906-1964) tem um papel importante na história da fotografia brasileira.  Foi Engenheiro, Professor de Física e Matemática e posteriormente Entomólogo do Museu Nacional no Rio de Janeiro.  Iniciou-se na Fotografia com a microfotografia aplicada ao estudo dos insetos, para desenvolver um intenso trabalho artístico envolvendo muita atividade de laboratório fotográfico, sendo um dos pioneiros na renovação das técnicas conhecidas na época e na exploração de temas com formas geométricas e jogo de luz e sombra.


Foto – O Túnel, José Oiticica Filho – 1951.

          Oiticica Filho é um dos mais importantes representantes da fotografia abstrata internacional como podemos apreciar nesta exposição com mais de uma centena de fotografias, pinturas e outros objetos, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica.
          Na próxima semana continuamos a nossa conversa abordando a revolução das novas técnicas digitais na fotografia e na arte.

Abaixo, outras fotografias da exposição José Oiticica Filho: Fotografia e Invenção:







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