Botswana, Foto T.Abritta, 2008

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Vi suas fotos na internet


          ...tão longe, tão perto.  De noite, vestida de festa.  De dia, véstia de sol.  Porte, não diria generoso.  Mas, esplendoroso.  Ao infinito, amplio imagens.  Chego ao abstrato recorte de pixels.  Detalhes reais, os vejo.  Imaginários, pontilham tal infinitas estrelas num céu diurno.  A estática dança geométrica das mãos segue mudo movimento labial.  Tão perto, tão longe.  Quantos anos teria?  Eternas, etéreas mulheres.  Agora desnudada, revelada.  Teia rompida. 
Verdadeiro seria o nome?  Antes, múltiplas e dolorosas encarnações budistas.  Hoje, Avatares, fantasmas errantes, capturando rostos na internet.  Nos diários e cadernos das meninas de minha infância, entre coloridas decalcomanias, doces mensagens.  Passado-presente.  Tão longe-tão perto.  Delírios, sonhos doridos em infinitas velocidades, girando no Globo da Morte dos Circos da Vida.  A queimar na Febre Asiática.  Com mãos trêmulas, dobro a carta, fecho o envelope, tal um missal após a reza.  Enviada a um desvão da memória.  Acordo.  Abro a janela, entra o sol.  Tão perto, tão longe.


A Teia.  Foto T.Abritta, 2005.
 Versão do original em captura digital colorida.

Publicado no livro Cidades de Memórias, 2011.


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